quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Hoje, faz um ano que sou pai

     Quando eu o vi pela primeira vez na sala de cirurgia, eu estava assustado. Seu choro entrava em meus ouvidos e eu não fazia ideia de como acalmá-lo quando isso acontecesse novamente. Eu tinha medo e aposto que se um anel energético estivesse vindo a mim naquele dia, teria mudado sua direção. Então o médico o limpou e o colocou em meus braços e foi então que eu percebi que ele era meu sol amarelo, minha fonte de poder.



     Eu me tornei SUPER naquele dia. Meus poderes me fizeram ficar horas grudado no vidro do berçário, me deram força para levantar de meia em meia hora naquela madrugada e uma visão capaz de observar sua respiração, mesmo a distância.


     Então, no dia seguinte, eu tinha minha primeira tarefa de herói: levá-lo para casa em segurança. E eu aprendi ali, na hora, como arrumar o tal bebê conforto, que mais parecia uma nave kryptoniana para ele, que era tão pequeno.


     As pessoas estavam com pressa. Corriam em seus carros, não respeitavam a sinalização. Eu nunca tinha percebido que eram assim. Talvez EU fosse como elas. Mas não mais.
     Nos primeiros dias em casa, descobri que minha audição era capaz de ouvir quando ele se revirava no berço e minha velocidade para chegar até ele a cada resmungo, aumentava.


     Então ele teve sua primeira noite sem dormir, provavelmente com cólicas. E eu percebi algo que ficaria claro naquele dia: ele também era minha kryptonita. Eu descobri que eu era incapaz de vê-lo sofrer. Eu não sabia o que fazer. Parallax flertou comigo, pois o medo era grande, mas resisti. Então prometi naquele dia, que usaria toda minha força de vontade para combater esse medo e para isso, eu o protegeria de todo o mal, com toda minha força.


     A cada vacina, cada gripe, cada tombo, eu era testado. Protegê-lo do mundo foi ficando difícil, por que ele começou a descobrir o mundo. Tudo chamava sua atenção, das coisas grandes as coisas pequenas. Então eu constatei: ELE, não tinha medo. Ele queria tocar tudo, pegar tudo, comer tudo. E eu, entendi minha nova função: eu deveria sentir medo por ele. Livrá-lo do que não presta, poupá-lo das experiências ruins, guiá-lo para o lado correto da força.


     Eu sei que no futuro, ele deve trilhar seu próprio caminho, fazer suas próprias escolhas. Mas minha função, com super herói, é estar aqui por ele, ajudando-o a crescer, evoluir e se tornar uma boa pessoa. Uma SUPER pessoa.


     Antes de ser pai, você se acha inteiro, completo, livre para fazer o que bem entende. Então ele vem e destrói seu mundo, ou melhor, ele o reconstrói.


     Você percebe que na verdade, estava perdido em uma ilha deserta, como um naufrago, apenas lutando para sobreviver. Então ele surge e salva sua vida e te dá um motivo para se tornar uma pessoa melhor. Tudo o que você almejava antes não tem mais importância, por que ele é tudo o que importa agora.


     Hoje faz um ano que me tornei um super herói. Hoje, faz um ano que descobri que meu coração, agora, bate fora do meu corpo.


PARABÉNS FILHO. EU TE AMO.